sexta-feira, janeiro 14, 2005

A hora da despedida

O Benfica representou muito para mim. É um clube fantástico, tem um poder impressionante em termos de massa associativa e nem sei se existe algum semelhante. Em termos individuais também admito que gostaria de ter feito muito melhor do que aquilo que fiz, porque esperava ter dado bem mais. Reconheço isso e não me vou desculpar com nada. Em termos colectivos, contribui para a conquista de uma Taça, mas esperava ter ganho muito mais. Mas é um orgulho ter representado mais de 6 milhões de pessoas.
Zlatko Zahovic, 2005-01-14, O Jogo

As palavras de despedida de Zahovic contrastam com o clima de guerrilha interna desvendado pelo levantar do véu azul-e-branco nas saídas de Derlei (lembram-se do Ninja? Melhor jogador do FCP em 2002/2003, homem do jogo na final da taça UEFA, recuperou milagrosamente de uma operação em 2003/2004 e acabou a época em grande), Carlos Alberto (jogador de enorme potencial e mercado, marcou o 1º golo na final da Liga dos Campeões e tem Mourinho e os Blues à perna) e Maciel (contratação de inverno que colmatou, e bem, o erro - mais um! - na contratação de Sérgio Conceição).

Os brasileiros saiem a queixar-se do treinador e da xenofobia e fazem-me pensar na enorme tensão daquele balneário. Aliás, já Luís Fabiano o havia confessado a uma rádio brasileira e depois tentou dizer que não disse, quando confrontado pela exposição do MaisFutebol (só este caso dava um post pelo ridículo das declarações, pelos desmentidos do FCP e do jogador e pela divulgação do audio da entrevista!). Julgo que António Varela, no Record, captura bem a essência da questão:

Carlos Alberto é o segundo jogador do FC Porto (neste caso ex-jogador) a dizer que no clube não gostam de brasileiros. Mas, ao contrário de Luís Fabiano, genérico nas acusações, Carlos Alberto é muito específico: xenófobo é o treinador, o espanhol Fernández. Parece-me um exagero.

A cultura do FCPorto foi sempre marcada por um universalismo que não impediu os dirigentes de contratarem jogadores e treinadores das mais variadas nacionalidades, desde que fossem bons. Basta atentar nos últimos 20 anos: Ivic, Robson, Madjer, Celso, Geraldão, Branco, Juary, Jardel, etc., etc. E também Carlos Alberto e Luís Fabiano.

O problema é outro. Não é cultural, mas de gestão. Há, neste momento, um claro desnorte em matéria de contratações, e onde havia selectividade existem agora recursos desperdiçados. O treinador, modelar no discurso, está longe de revelar tiques xenófobos. Não sabe é o que há-de fazer aos jogadores comprados por atacado


Mas pelo que leio, é este clube que tem a boa gestão e as grandes contratações e um presidente que nunca se engana! Os 2 pontos de vantagem para o Benfica e o ponto de atraso para o Sporting não são, certamente, o resultado esperado para quem tem o orçamento que tem. Mas, como em tudo na vida, há os bons e há os maus... Para a posteridade, na hora da despedida do FCP, a verdade sobre os excomungados nas declarações do presidente do FCP na capa d'O Jogo de 22 de Dezembro de 2004: "Não sai ninguém importante!"

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