sexta-feira, abril 29, 2005

O regresso do Major

Sobre o regresso do Major, escreve Leonor Pinhão:

Indiciado por um conjunto de delitos mais do que suficientes para fazer corar as pedras da calçada, o major Valentim Loureiro regressou à presidência da Liga de Clubes graças à prescrição de um prazo técnico-jurídico. De um modo geral, a comunicação social exultou com o facto. Não por o major ser um homem inocente até ao dia em que for proferida a sentença. Antes pelo facto de o major ter «uma voz credível» e que muita falta tem feito ao futebol português.

Salvaguardando as distâncias entre as naturezas dos crimes imputados, o circo mediático montado em torno do regresso de Valentim Loureiro à sede da organização, as manifestações de apoio, as expressões emocionados dos amigos e dos funcionários, fez lembrar, de algum modo, o estardalhaço que se verificou na Assembleia da República quando Paulo Pedroso regressou ao seu posto de trabalho depois de uma temporada em que se viu privado das mais básicas liberdades.

O próprio major não se tem escusado de lamentar que o seu regresso à actividade se tenha ficado a dever à prescrição de um prazo e não à sua total e definitiva inocentação. Fica-lhe bem este desabafo. Não se passasse tudo isto em Portugal e o major poderia brilhar ainda mais como dirigente desportivo, como presidente do Metro do Porto e como cidadão, tomando a única atitude que, nos países civilizados, a opinião pública e a comunicação social exigem sem contemplações em casos semelhantes: a auto-suspensão de todos os cargos públicos e privados até ao apuramento da verdade.

Mas, caramba, em Portugal, isso é exigir muito. Venha de lá, então, essa voz credível para lutar contra os bandidos que andam por aí à solta!


Este major é mais uma personagem com uma grande lata!

domingo, abril 24, 2005

Habilidosos?! - É preciso ter lata...

Bernardo Ribeiro, escreve no Record de 24 de Abril, um artigo de opinião com o título "Habilidosos".

É preciso ter lata! - Bem sei que os últimos jogos da lagartagem foram pródigos em habilidades (que o digam os jogadores do Beira-Mar) e que ganhar assim sabe muito bem, mesmo quando a equipa não joga um pinchavelho!!!

No jogo com a Académica, porque não ganharam, lá vem esta gentalha destilar frustrações, insinuando arbitragens habilidosas, quando a grande habilidade do jogo passou pela não expulsão directa do Polga logo aos 24 minutos de jogo... Se essa expulsão acontecesse, como devia ter acontecido, gostava de ver se havia habilidade para, pelo menos, terem empatado o jogo.

Quanto à outra habilidade, a alteração do local do jogo do Estoril x Benfica, penso que nem merece comentários. No entanto, gostava de saber a opinião do senhor Bernardo sobre a compra do jogo da taça contra o Pampilhosa e a habilidade que foi necessária para colocar o Liedson a jogar, depois deste ter andado a gozar com o Sporting durante duas semanas.

Ainda sem saberem o resultado, muitos jornalistas e opinion-makers, vieram a terreiro criticar e colocar em causa a honorabilidade dos diregentes da SAD do Estoril, porque decidiram alterar o local de um jogo que lhes vai permitir realizar a maior receita da época e assim fazer face a uma série de problemas de tesouraria.

Por causa de uma boa medida de gestão (segundo muitos analistas desportivos, os jogos com os grandes não entram nas contas das equipas que lutam pela manutenção), estes pseudo-profissionais da comunicação aviltam a dignidade de dirigentes que em dois anos, conseguiram a proeza de subir o Estoril da Segunda Divisão B à Superliga. De facto, o que representa este feito quando comparado com esta inenarrável alteração?

Digam lá se não é preciso lata para falar em habilidade?...

quinta-feira, abril 21, 2005

Vendidos

O Jorge Lopes, "correspondente em Matosinhos" do MiniBenfica, escreve:

Vendidos?

por Jorge Lopes, correspondente em Matosinhos

Na época 2003/2004, o jogo Moreirense - FC Porto realizou-se no Estádio 1º de Maio em Braga, a pedido da equipa visitada, dada a exigua capacidade do estádio em Moreira de Cónegos. Deste modo, o Moreirense arrecadou uma vitória financeira, a que juntou mais tarde a obtenção de um excelente resultado, ao empatar 1 a 1 com o super-Porto de José Mourinho.

Na mesma época, o Sporting adiou o jogo para a Taça de Portugal com o Pampilhosa, através do pagamento de 15.000 euros, para apagar a suspensão de Liedson (que tinha visto o 5º amarelo na jornada da superliga). Assim, o jogador brasileiro pode defrontar o Benfica.

Já ninguém se lembra destas "manobras"? Como é que os nossos adversários têm coragem de falar em batota em relação ao jogo Estoril-Benfica depois destes exemplos esclarecedores???


Nem mais! O último caso é, de facto, uma pérola!

domingo, abril 17, 2005

Assobiar para o ar

Nenhum dos jornais desportivos traz na capa uma referência à notícia de ontem, no Expresso, que falava da responsabilidade directa de Pinto da Costa na oferta de serviços de prostitutas a árbitros, para benefício do FCP e prejuízo de Sporting e Benfica.

Porque será? Quem os cala?

Juíza compromete Pinto da Costa

  • Favores aos árbitros visavam beneficiar o FC Porto e prejudicar o Sporting e o Benfica

  • Valentim e João Loureiro também indiciados por corrupção


A JUÍZA do processo «Apito Dourado», Ana Cláudia Nogueira, concluiu que Pinto da Costa é pessoalmente responsável por ofertas a árbitros, incluindo o serviço de prostitutas. E esses «presentes» não eram feitos por «filantropia» mas para obter contrapartidas no terreno desportivo. Contrapartidas que tinham por objectivo beneficiar o FC Porto e prejudicar o Sporting e o Benfica. O despacho, cujas linhas gerais foram reveladas ao EXPRESSO por fonte judicial, refere o desafio Porto-Estrela da Amadora, realizado em 24 de Janeiro de 2004 - onde, segundo a juíza, houve muitos erros de arbitragem que o próprio árbitro, Jacinto Paixão, posteriormente reconheceu. Esses erros favoreceram sistematicamente o FC Porto. »

sexta-feira, abril 15, 2005

Descubra as diferenças

O MaisFutebol fez as contas às percentagens de vitórias do campeão ao longo da história do campeonato e concluiu que:

Superliga: campeão de 2004/05 será o mais frágil de sempre
O campeão nacional em 2004/05 terá a menor percentagem de pontos da história da principal competição portuguesa. Ainda faltam seis jornadas, mas a derrota do Benfica em Vila do Conde tornou inevitável este desfecho.

(...)

Até agora, o campeão com menor percentagem de pontos (a única forma de obter um valor comparável, face à disparidade entre o número de clubes e de pontos ao longo dos anos) era o de Laszlo Boloni, em 2001/02, com 73 por cento dos pontos possíveis: 22 vitórias, nove empates e três empates. Total: 75 do máximo de 102 pontos.

Esta época, o Benfica lidera com 54 pontos. Se vencer as seis jornadas que restam somará 72 pontos. Caso isso suceda, terá conseguido 70 por cento dos pontos possíveis. Isto na melhor das hipóteses. Se a equipa de Trapattoni escorregar (ou for outro o campeão) será ainda pior a percentagem.

Estes números confirmam a impressão geral: o campeão em 2004/05 será o mais frágil de sempre. Por incapacidade própria ou por mérito alheio é uma outra discussão.

Esta temporada poderá também ser a primeira em que o campeão sofre mais de cinco derrotas, o actual máximo. Das equipas que ainda podem chegar ao título, apenas o Sp. Braga apresenta esse número de desaires. O Sporting já perdeu em sete ocasiões, Benfica, Boavista e F.C. Porto apresentam seis derrotas.



Se os números são indismentíveis, fica-me a lembrança de que, nesse ano, houve festa rija com a equipa de Boloni (a tal do filho Jardel e pai João Pinto), que ninguém acusou de ser banal ou de só ser campeão porque os outros perderam muitos pontos. Aliás, o bloco de notas de Boloni até chegou a ser best-seller.

Leonor Pinhão II

A clareza e acutilância desta senhora não cessam de me surpreender.

Sobre o Apito Dourado:

«Posta emcausa a validade jurídica das escutas telefónicas no processo do Apito Dourado.»
(da generalidade da imprensa, dias 6, 7 e 8 de Abril)

É extraordinário, não é? Saem para a imprensa relatos de transcrições de escutas do processo do Apito Dourado, cujos conteúdos vêm dar razão a tudo o que se suspeitava ser a relação promíscua entre a noite, o bas-fond portuense e o futebol, com pormenores capitosos de códigos de uma brejeirice quase adolescente e superiormente convencida da sua impunidade e eis que o centro da discussão passa a ser as questões da «tecnicalidade » das ditas escutas, do ponto de vista jurídico, filosófico, semiótico, metafísico, teológico e gramatical.

Dos escutados, com os nomes todos postos a claro, ninguém veio dizer: «É mentira!» Ou que aquela voz não era a sua mas, sim, a de um imitador profissional, apostado em denegrir a sua personalidade e em desestabilizar o grupo de trabalho que, a partir de agora, está mais unido do que nunca. Não, os escutados e os transcritos remeteram-se ao silêncio. A ver se passa. Confiantes na docilidade da imprensa e dos técnicos de «tecnicalidades», furiosamente à procura de quiproquós jurídicos para «invalidar» as escutas. Não é que as conversas não tenham existido, ninguém as desmentiu, não é que as situações não tenham ocorrido, que não tenha havido beneficiados por métodos à margem da lei.

Tudo isso, comprovadamente, levou o Ministério Público a agir e a transformar em arguidos personagens incontornáveis (pudera...) que dominaram o futebol português nos últimos e largos anos.

Mas o que é importante é que as escutas não são válidas do ponto de vista técnico. Por uma série alterosa de razões. Tais como:

   a) As folhas com as transcrições estavam mal agrafadas.
   b) A juíza assinou o despacho com caneta preta quando o deveria ter feito com caneta azul.
   c) As cassetes foram compradas numa loja chinesa e não tinham selo de importação.

Conclusão: as escutas é que são uma vigarice!


Sobre o presidente do Sporting:

«O que me apetece perguntar é até quando é que o escândalo da arbitragem vai continuar? Isto não pode continuar assim. São interesses importantíssimos do clube que permanentemente são postos em causa!»
(Dias da Cunha, presidente do Sporting, 10 de Abril)
AINDA estas extraordinárias palavras do presidente do Sporting não tinham cessado de ecoar contra os azulejos do seu estádio novo e já a equipa de arbitragem liderada por Elmano Santos respondia a preceito ao desabafo de Dias da Cunha. Corriam 32 minutos do jogo com o Beira-Mar quando McPhee, de amarelo vestido, fez com uma cabeçada a bola descrever um arco caprichoso sobre Ricardo e entrar na baliza à sua guarda. Golo lindo, limpíssimo, culminando uma fase do jogo em que o Beira-Mar causava perigo e não deixava o Sporting mandar em nada.

0-1? Qual quê... nem pensar. 0-0, o jogo continuou empatado porque foi assinalado um fora-de jogo inexistente ao avançado aveirense. Bem, aveirense, aveirense de gema... não garanto, com o nome que tem, McPhee até é mais capaz de ser inglês ou australiano, mas lá que foi golo e limpo, não há a mais pequena das dúvidas.

«São interesses importantíssimos do clube permanentemente postos em causa!», dizia Dias da Cunha antes do jogo. Depois do jogo não disse nada e fez muito bem. Se calhar, por respeito ao Beira-Mar que está ser levado ao colo até à II Divisão.

quinta-feira, abril 14, 2005

Mais uma dor de cabeça para Couceiro

Diz O Jogo:

Carlos Xistra não apita mais



Carlos Xistra não vai dirigir mais qualquer jogo nesta época. O árbitro de Castelo Branco lesionou-se, a 26 de Março, num encontro entre árbitros e adeptos (o I jogo da Amizade decorreu em Vila Verde e foi organizado pelas respectivas associações de classe) e, "infelizmente", como confessou, não vai voltar aos relvados. Com uma fractura na tíbia direita, Carlos Xistra estará com gesso até 6 de Maio e só depois começa a fazer fisioterapia e recuperação específica.


Com o historial deste senhor em jogos do FCP, que culminaram no recente Belenenses-FCP e naquele penalty do tamanho de um autocarro que ele não viu, esta lesão cai quase tão mal como os castigos do Seitaridis ou as lesões do Nuno Valente, do Costinha e do Maniche. Para um treinador que, de aposta pessoal, passou a estar a prazo, é muito azar!

terça-feira, abril 12, 2005

O crime compensa

Olegário Benquerença apita na Arábia Saudita

Olegário Benquerença, árbitro internacional português, foi nomeado pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para apitar um dos jogos das meias-finais da Taça do Príncipe da Arábia Saudita. A partida será no próximo dia 29 de Abril, segundo anuncia o site da FPF.

José Cardinal e Serafim Nogueira, ambos da AF Porto, serão os auxiliares do juiz de Leiria, enquanto João Ferreira, AF Setúbal, será o quarto árbitro. O convite foi efectuado pela Federação Árabe, tendo a FPF escolhido os representantes portugueses.


Um prémio justo no final de uma época brilhante, repleta de boas arbitragens. Parabéns!

sexta-feira, abril 08, 2005

Escutas

Sobre o Apito Dourado, diz o JN (o tal jornal que continua a não esconder nada):


Escutas comprometem F. C. Porto e Boavista

Conversas entre António Araújo e Pinto da Costa sobre oferta de prostitutas a Jacinto Paixão e auxiliares João Loureiro e Júlio Mouco terão escolhido árbitro para jogo no Bessa

As escutas telefónicas que estão anexas ao processo "Apito Dourado" e que, na passada terça-feira, seguiram para o Tribunal de Gondomar não envolvem só o Gondomar Sport Clube, mas comprometem também emblemas da SuperLiga. Designadamente, o Boavista e o F.C.Porto, havendo suspeitas, validadas pela juíza que procedeu aos primeiros interrogatórios judiciais, de que Pinto da Costa e João Loureiro terão tentado alterar a verdade desportiva da competição.

Segundo o JN soube, dois dos jogos em causa, ambos da época passada, têm um denominador comum o árbitro Jacinto Paixão, de Évora, que apitou os jogos F. C. Porto-Estrela da Amadora e o Boavista-Estrela da Amadora (ver textos em baixo).

As escutas telefónicas, a que se juntaram as vigilâncias e as perícias feitas pelos "especialistas"(os ex-árbitros Vítor Pereira, Jorge Coroado e Adelino Antunes) a quem a PJ recorreu, foram consideradas muito comprometedoras pela magistrada, que entendeu serem fortes os indícios de corrupção. Os arguidos tiveram obviamente um entendimento diferente - reconheceram as conversas, porém negaram a prática de crimes - mas só agora, quando o processo for aberto, poderão ter acesso ao teor da totalidade das escutas, para poderem explicar o contexto em que determinadas frases terão sido ditas.

O jogo do F. C. Porto estava marcado para as 19 horas. Ao meio dia, a PJ gravou uma conversa entre Jacinto Paixão e António Araújo, empresário de futebol próximo do F. C. Porto. O primeiro pedia que nessa noite lhe fosse assegurado o serviço de "prostitutas". Dois minutos depois, constata a juíza, Araújo falou telefonicamente com Pinto da Costa e deu-lhe conta do pedido. "Ligaram-me a pedir fruta para logo à noite. Posso levar a fruta à vontade?". Segundo o registo considerado, Pinto da Costa terá respondido que sim, depois de algumas dificuldades de entendimento sobre o significado da palavra fruta. O que obrigou Araújo a explicar que se tratava de uma fruta que "servia para dormir".

As escutas seguintes voltam a envolver Pinto da Costa e Araújo. E ainda segundo a juíza indicaram que foi o F. C. Porto a pagar o serviço de prostitutas. A conversa volta, no entanto, a não ser clara "Só estou a dar conhecimento ao presidente.... é que eu estou sempre a dispor", disse Araújo.

As autoridades possuem também uma relação completa das chamadas feitas entre o árbitro e o empresário e este e o presidente do F. C. Porto. Que foram várias e às vezes com apenas minutos de diferença.

As prostitutas confirmaram ter estado nessa noite com o árbitro e os respectivos auxiliares, tendo reconhecido António Araújo, Jacinto Paixão e Manuel Quadrado através de fotografias que lhes foram apresentadas em tribunal. Todas já foram ouvidas para "memória futura" e os seus depoimentos têm valor em tribunal.

Loureiro combina árbitro

O segundo jogo envolvendo Jacinto Paixão foi no estádio do Bessa, também no Porto. As escutas feitas pela PJ dão conta de que João Loureiro, presidente do clube, terá combinado com Júlio Mouco - o vogal da Comissão de Arbitragem da Liga que esta semana pediu a suspensão do mandato - quem eram os auxiliares. Acredita ainda a juíza, com base nas provas reunidas pela PJ, que João Loureiro combinou depois com o observador Pinto Correia que seria aquele que deveria pressionar o árbitro para que o Boavista fosse beneficiado.

O resultado não foi o melhor. O Boavista perdeu esse jogo, o que no entanto não terá feito a juíza deixar de acreditar nos indícios de corrupção. Isto porque, no dia a seguir ao jogo, foi registada uma conversa telefónica envolvendo Valentim Loureiro e Jacinto Paixão, na qual o árbitro terá explicado que "não podia fazer mais". Valentim Loureiro reconheceu-o "Foi um azar. Os gajos cada vez que foram lá acima deram um goleco". Mas o mais grave parece ser a promessa feita, em seguida, por Valentim, em que deixa entender que o árbitro foi bem classificado e terá boa nota no final da época.

Jacinto Paixão negou em tribunal qualquer tentativa de corrupção. Embora reconhecesse ter uma boa relação com Valentim Loureiro, garantiu que, inclusivamente, desceu de categoria nesse ano . Além disso, o árbitro assumiu ter estado com as prostitutas, desconhecendo quem pagou e negando qualquer favorecimento ao F. C. Porto.

O JN tentou ouvir os outros envolvidos. Pinto da Costa e João Loureiro não quiseram prestar esclarecimentos, alegando estar o processo em segredo de justiça. Valentim Loureiro esteve sempre incontactável.

Ainda sobre Rui Costa

Todos os benfiquistas estão orgulhosos da carreira do Rui Costa, o expoente máximo das nossas escolas desde o Chalana. Desde então, e após sucessivas devastações que só agora parecem estar a ser recuperadas, as camadas jovens do Benfica não têm feito muito mais do que um Maniche (ainda por cima mal aproveitado), um Hugo Leal (sem palavras) ou um Edgar. A tendência parece, neste momento, inverter-se com o fenómeno Manuel Fernandes (que A Bola tenta a todo custo alcunhar de Manelelé, já agora!), mas também com jogadores trabalhadores como é o João Pereira.

Eu não tenho nada contra o Rui Costa, mas nunca achei que ele fosse o Messias que tanta gente apregoa. Aliás, a história do regresso ao Benfica já cheira mal, como tudo o que é em excesso. Se não me engano, a novela começou com a 1ª eleição a que João Vale e Azevedo se candidatou. O candidato tinha parcerias com tudo o que era multi-nacional e claro, acordo com o Rui Costa, que estava felicíssimo de cumprir o que sempre disse que era o seu desejo: voltar ao Benfica.

A novela prosseguiu com Vale e Azevedo, novamente, com Vilarinho e até com Luís Filipe Vieira. Quantas destes episódios foram fruto da criatividade editorial do Record, não sei. O que sei é que se passaram vezes demais e em todas há um denominador comum: um Rui Costa, cheio de vontade.

Foi, pois, com grande surpresa que vi a notícia de que o Rui Costa iria renovar pelo Milan até 2007, admitindo ele mesmo que iria acabar a carreira por terras transalpinas. Eu compreendo-o. O Milan paga-lhe mais num mês do que o Benfica lhe pode pagar num ano, a carreira de jogador é curta, ele tem que pensar no futuro. Está tudo certo! Mas porque raio é que andou a alimentar estas especulações e a encher a cabeça dos nossos adeptos com declarações de amor eterno?

É, sobretudo, esta a crítica que tenho que fazer ao Rui Costa. Não por não querer voltar ao Benfica, mas sim por não ter tido a coragem e a frontalidade de explicar as pessoas como é que a indústria futebolística funciona. O Figo não enganou ninguém, no Sporting. Apetece-me também dizer que esta notícia sai à rua num momento delicado do Benfica, onde a estabilidade é essencial. Onde "os novos heróis", como lhes chamou o presidente, precisam de uma massa associativa que acredite neles, em vez de num qualquer D.Sebastião.

Tenho pena de ter escrito este post, mas como benfiquista que é, o Rui Costa podia ter gerido a situação muito melhor.

Leonor Pinhão

Como sempre, genial:

DOIS fanáticos benfiquistas, um pró- Trapattoni, outro anti-Trapattoni, como adiante se verá,mas ambos pró-Benfica, discutiam amigavelmente as incidências da última jornada da Super Liga, e não só. Sobre a mesa do café onde se encontravam lá estava exposta a última página de «A Bola» de ontem. No canto superior esquerdo, a lista dos árbitros nomeados para o próximo fim-desemana não lhes deixava dúvidas...
— Isto é o estertor do regime!
— É o regresso dos Costas!
— Este Luís Guilherme tem cá uma lata...
— Mandar-nos o António Costa para Vila do Conde. Ainda me lembro da arbitragem dele num Rio Ave-Porto que não me sai da memória...
— Eu lembro-me dos protestos do Carlos Brito e dos dirigentes do Rio Ave, foi um verdadeiro escândalo!
— Agora vai lá voltarparaprovar quenãotemnadacontraoRioAve...
— Não sejas tão básico assim. Até pode ser que faça uma arbitragem decente...
— Vinha mesmo a calhar. Lembras- te daquele penalty sobre o Nuno Gomes que ele nãomarcou no União de Leiria-Benfica da época passada?
— E do golo anulado ao nosso Kandaurov nas Antas?
— E do golo anulado ao João Tomás naquele Vitória de Guimarães- FC Porto?
— Olha, se ganharmos em Vila do Conde somos campeões.
— Já dizias a mesma coisa na semana passada, só que era «se ganharmos ao Marítimo».
— E tu dizias o mesmo há quinze dias, só que era «se ganharmos em Setúbal».
— E o que me dizes à nomeação do Paulo Costa para o Boavista- FC Porto?
— Mais um Costa.
— E o que pensas do penalty feito por Jorge Costa no jogo com o Gil Vicente?
— Outro Costa.
— De facto, o Olegário Benquerença tem feito uma época de uma coerência notável.
— Só à conta das suas decisões, o Porto temmais 5 pontos do que devia ter nesta SuperLiga.
— E nós é que estamos a ser levados ao colo...
— Ainda no domingo, com o Marítimo, foi anulado um golo limpo ao Nuno Gomes
— Este Benquerença, na Luz, não considerou o golo de Petit e ainda fez vista grossa a um penalty claro sobre o Karradas.
— Nas Antas...
— No Dragão...
— Ou isso, conseguiu não ver que o Jorge Costa jogou a bola com a mão. Era o empate para o Gil Vicente. E com o jogo empatado quem sabe o que poderia ter acontecido...
— Mas, ao mesmo tempo, deu gozo ouvir a euforia dos comentadores da televisão por o Porto ter conseguido quebrar o enguiço e ganhar em casa.
— Ao que isto chegou...
— E o que me dizes da actuação do Lucílio Baptista no Boavista- Sporting.
— Acho que os dirigentes, os jogadores e os técnicos do Boavista têm todas as razões para protestar.
— Mas bater era escusado...
— Tu não sabes quem começou, pois não?
— Cheira-me que foi o Sá Pinto...
— Tivesse o Sá Pinto enveredado pelo boxe em vez do futebol e quem sabe se Portugal não teria hoje um campeão olímpico da nobre arte de lutar...
— Quanto ao Lucílio Baptista no Bessa, bem, foi no mínimo muito anticaseiro...
— Lembro-me de uma arbitragem dele em que foi, no mínimo, muito caseiro... aquele Sporting- Benfica emque passou o jogo todo amarcar livres contra nós para ver se o André Cruz acertava...
— É verdade, o Sporting precisava de ganhar para ser campeão e nós íamos lá fazer de cabeçudos.
— E ainda perdoou um penalty do Toñito sobre o Nuno Gomes...
— E marcou tantos livres, tantos livres contra o Benfica que no último minuto, para compensar, lá marcou um livre de muito longe contra o Sporting...
— Ah grande Sabry! — Ah grande Sabry!




sexta-feira, abril 01, 2005

Calcanhar de Aquiles

Não há dúvidas que o calcanhar de Aquiles da (recém-adquirida) estabilidade do Benfica é Ricardo Rocha. A sua novela começou no passado defeso, continuou por alturas do Natal (em vésperas de um Benfica-Sporting) e vem, de novo, à tona, nesta altura decisiva.

O Record, braço armado deste movimento silencioso, deu a notícia, refugiando-se num insuspeito periódico do país vizinho, o El Mundo.

Ricardo Rocha assume, frontalmente, ao jornal "El Mundo", de Espanha, estar desagradado com a forma como tem sido tratado no Benfica. Nessas declarações, publicadas hoje, o defesa-central chega ao ponto de dizer que as "relações não são boas" e manifesta vontade de sair no final da temporada.

Não tenho o hábito de consultar os jornais estrangeiros. Mas, perante, tal notícia naveguei até ao site do El Mundo e tratei logo de procurar a notícia. Para minha surpresa (ou não), não a encontrei. Tentei o motor de pesquisa do próprio jornal, procurando apenas por Benfica, ordenado por data de edição, mas também não obtive resultados:



Curioso, não?

Mais tarde, o esperado desmentido lá surgiu pela mão do próprio jogador:

«Não o disse e nunca o diria, quer por não corresponder à verdade, quer por considerar que seria nesta altura uma enorme falta de respeito para com o clube e, sobretudo, para com os meus companheiros de equipa», começa por salientar o jogador, através do site oficial do Benfica.

«Não seria por estar a realizar, quanto a mim, e perdoando-me a imodéstia, a minha melhor época ao serviço do Benfica que a minha postura se alteraria. Estou no clube para o servir e para o ajudar a alcançar os seus objectivos», prossegue Ricardo Rocha, que diz ter sido avisado, assim como os seus companheiros, de que «este tipo de notícias iriam surgir nesta altura do campeonato», em que o Benfica, recorde-se, dispõe de seis pontos de vantagem na liderança sobre os mais directos perseguidores.

«Estão enganados aqueles que pensam que, com este tipo de notícias, nos conseguem desviar do nosso rumo. Esse está bem traçado: sermos campeões!», garantiu.


A resposta do jogador é clara e inequívoca. Como tem sido de todos aqueles que são alvo deste género de rumores. Não há dúvida que o Benfica está diferente para melhor, neste aspecto. Mas, agora que o campeonato está a recomeçar, é tempo de voltar às trincheiras.



PS - O FPVC do Queridos Jornalistas Desportivos conseguiu achar a tal notícia na edição do El Mundo Deportivo. Quem, nela, conseguir descobrir a frase "Não sou valorizado no Benfica" nesta notícia, ganha prémio!