quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Uma lança em África

Cada vez gosto mais deste Ricardo Lemos, d'O Jogo. O seu comentário ao castigo de Simão é tudo o que há para dizer:

Anedótico

O processo sumaríssimo aplicado a Simão Sabrosa é uma anedota, digna de figurar no reportório de um qualquer humorista da moda do "stand-up comedy", mas incapaz de fazer alguém rir-se com gosto - a não ser, é claro, que se trate de um amante do humor negro. Simão, aos 83 minutos do encontro com o Vitória de Guimarães, saltou com os braços abertos e Alex, nas suas costas, saltou contra o camisola 20 da Luz.

Resultado? Uma proposta de dois jogos de suspensão por parte da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes. Numa altura em que o FC Porto-Benfica está em fase de ebulição, é, no mínimo, estranho e suspeito que um lance que de agressão nada tem possa constituir matéria para se colocar um dos atletas mais valiosos da SuperLiga fora de um clássico que pode ser determinante - nem uma intervenção directa do mais visível parceiro da Liga de Clubes (a GALP) poderia contribuir com maior acuidade para colocar em chamas as horas que antecedem o jogo do Dragão.

Se os arautos da verdade saíram em defesa da punição agravada a McCarthy (de dois para três jogos), que dizer agora de um castigo - e as imagens televisivas podem comprová-lo - aplicado a um salto efectuado antes do adversário? Como se pode ler no texto publicado aqui ao lado, o próprio Alex garante que se tratou apenas de um lance normal de futebol, onde era inevitável o contacto. Afinal, percebe-se agora, a Comissão Disciplinar da Liga de Clubes consegue ver uma suposta agressão que nem o suposto agredido descortinou...

O Benfica, como é óbvio, irá contestar a decisão, mas fica, desde já, o acender do rastilho da polémica. E, desta vez, nem podem acusar os responsáveis dos clubes de a atear, porque esta foi, claramente, iniciada por um órgão da entidade que tem a obrigação de organizar a prova. Simão Sabrosa é muito mais do que "apenas" mais um jogador, tanto no Benfica como no Campeonato português. Puni-lo por algo que não cometeu já é demasiado grave, mas é ainda mais discutível quando o castigo parte de quem deveria zelar pela qualidade da prova.

Uma excelente campanha de promoção do futebol...

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