sexta-feira, novembro 19, 2004

Entrelinhas

O jogador Luisão deslocou-se durante a semana passada ao Brasil, para representar a sua selecção no jogo com o Equador. Preocupado, o Benfica, entidade patronal, terá feito diligências para assegurar o regresso do jogador a tempo de preparar o jogo da Super(?)Liga.

Tal facto foi noticiado no Record de dia 13 de Novembro, em peça de Nuno Miguel Ferreira, onde se lia:

O Benfica decidiu contribuir para o aluguer de um avião de forma a transportar Luisão de regresso à Europa após o encontro da selecção brasileira, no Equador, agendado para o próximo dia 17 (quarta-feira).

A factura será dividida pelo Barcelona, Real Madrid, Olimpique de Lyon, Hertha de Berlim, Benfica e Monaco, clubes interessados em contar com os respectivos jogadores para os jogos do fim-de-semana.


Louvo a atitude do Benfica enquanto lamento que estas despesas não sejam comparticipadas igualmente pelas respectivas federações. Mas isso são contas de outro rosário.

A razão deste post prende-se com o tratamento dado por alguma imprensa a este regresso de Luisão. Vejamos.

Título do mesmo artigo do Record:
Luisão apanha boleia no avião das estrelas

A Bola:
Luisão à boleia
[...]
Luisão acaba por chegar um dia mais cedo que o habitual, uma vez que aproveitou a boleia do avião fretado pelo Real Madrid e Barcelona para trazer os seus jogadores que estiveram ao serviço da selecção canarinha, que jogou no Equador.


Nem vale a pena explicar que Luisão não viaja à boleia porque pagou o bilhete. Uma possível razão para o processo mental dos jornalistas (se o houve) é um preciosismo de linguagem, assumindo que Luisão não vinha a conduzir o avião. Nessa caso, o título "Ronaldo apanha boleia" seria ainda mais apetecível para os leitores.

O tom mesquinho destes artigos não disfarça a imensa vontade de catalogar o Benfica como caloteiro ou Luisão como clandestino. Esta tendência é de profunda injustiça para uma direcção que tem feito o possível para resolver todos os diferendos legais do Benfica, herdados de direcções passadas. Esta bem-sucedida e esforçada cruzada de recredibilização merece, quanto a mim, destaque e não este tipo de linguagem sensacionalista ou de simples pequenez.

Para a posteridade, eis o reconhecimento d'O Jogo (!!), na pessoa de Vitor Rodrigues:
REGISTO
Menos um caso

O executivo liderado por Luís Filipe Vieira, no seguimento da política encetada pelo seu antecessor, Manuel Vilarinho, solucionou mais um imbróglio jurídico-desportivo, chegando a acordo com o Marítimo para a resolução do "caso Tiago", que remontava à longínqua época de 96/97. Restaurar a credibilidade e a transparência do clube foi uma das palavras de ordem da anterior e também da actual Direcção, algo que, sem dúvida, está a acontecer com a limpeza de inúmeros actos de (má) gestão desportiva de outros dirigentes.

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