Eram uma vez dois cowboys: o cowboy azul e o cowboy verde. Os dois cowboys moravam numa região pobre, com cabeças de gado magras, mas muito orgulhosa dos seus concursos regionais, pelos quais todos os cowboys da região disputam ferozes e mortais batalhas entre si.
O cowboy azul era o mais premiado, nos tempos mais recentes. Havia ganho a maioria dos últimos prémios, excepto nos anos em que o cowboy verde arranjou um boi argentino, que se atirava para o chão como ninguém, e um boi brasileiro, cujas "cornadas" se tornaram lendárias lá na terra. O cowboy azul e o cowboy verde eram muito amigos. Nas noites frias, no meio da montanha aconchegavam-se carinhosamente para não sentirem o frio e o desgaste da dura vida das pastagens. Por vezes, o cowboy azul até aproveitava para mais qualquer coisa, mas o cowboy verde não reclamava e deixava-se estar quietinho e feliz.
As vitórias constantes do cowboy azul chamaram a atenção do xerife, que achou estranho que, nos momentos chaves de cada concurso, havia sempre um juíz pronto a ajudar. O xerife lançou então uma investigação às relações do cowboy azul com os juízes e até acusou formalmente alguns dos amigos do cowboy azul de batotice. Mesmo assim, o cowboy azul não perdeu a compostura e continuou a participar.
O grande inimigo dos 2 amigos era a tribo de peles vermelhas que havia pela zona. Chamavam-lhes "bárbaros" e gozavam-nos por os acharem boçais, rudes, pobres ou incultos. Quis o acaso (ou não) que os peles vermelhas ganhassem o primeiro concurso depois da investigação do xerife. Logo os cowboys azul e verde conspiraram na sua tenda para espalhar a má língua na feira, dizendo que os juízes os haviam "levado ao colo", expressão que tão bem conheciam, possivelmente devido aos serões na tenda.
Até que, como em todos os grandes amores, os cowboys foram postos à prova, defrontando-se num dos torneios. O cowboy azul levou a melhor, com a tradicional ajuda do juíz e desta vez o cowboy verde ficou triste. Berrou, gritou, reclamou, mas já ninguém o ouviu, lá longe na montanha. O cowboy verde não aguentou a dor de perceber que não havia amor naquela relação, algo que ele já tinha desconfiado pela pouca vontade do cowboy azul em trocar de papeis. Tinha sido usado e abusado. Para ajudar, estava quase falido.
Agora, de colo nem queria ouvir falar, provavelmente porque estar sentado era tarefa quase impossível. Os peles vermelhas, esses, não conseguiam parar de rir.
Sem comentários:
Enviar um comentário