sexta-feira, abril 08, 2005

Ainda sobre Rui Costa

Todos os benfiquistas estão orgulhosos da carreira do Rui Costa, o expoente máximo das nossas escolas desde o Chalana. Desde então, e após sucessivas devastações que só agora parecem estar a ser recuperadas, as camadas jovens do Benfica não têm feito muito mais do que um Maniche (ainda por cima mal aproveitado), um Hugo Leal (sem palavras) ou um Edgar. A tendência parece, neste momento, inverter-se com o fenómeno Manuel Fernandes (que A Bola tenta a todo custo alcunhar de Manelelé, já agora!), mas também com jogadores trabalhadores como é o João Pereira.

Eu não tenho nada contra o Rui Costa, mas nunca achei que ele fosse o Messias que tanta gente apregoa. Aliás, a história do regresso ao Benfica já cheira mal, como tudo o que é em excesso. Se não me engano, a novela começou com a 1ª eleição a que João Vale e Azevedo se candidatou. O candidato tinha parcerias com tudo o que era multi-nacional e claro, acordo com o Rui Costa, que estava felicíssimo de cumprir o que sempre disse que era o seu desejo: voltar ao Benfica.

A novela prosseguiu com Vale e Azevedo, novamente, com Vilarinho e até com Luís Filipe Vieira. Quantas destes episódios foram fruto da criatividade editorial do Record, não sei. O que sei é que se passaram vezes demais e em todas há um denominador comum: um Rui Costa, cheio de vontade.

Foi, pois, com grande surpresa que vi a notícia de que o Rui Costa iria renovar pelo Milan até 2007, admitindo ele mesmo que iria acabar a carreira por terras transalpinas. Eu compreendo-o. O Milan paga-lhe mais num mês do que o Benfica lhe pode pagar num ano, a carreira de jogador é curta, ele tem que pensar no futuro. Está tudo certo! Mas porque raio é que andou a alimentar estas especulações e a encher a cabeça dos nossos adeptos com declarações de amor eterno?

É, sobretudo, esta a crítica que tenho que fazer ao Rui Costa. Não por não querer voltar ao Benfica, mas sim por não ter tido a coragem e a frontalidade de explicar as pessoas como é que a indústria futebolística funciona. O Figo não enganou ninguém, no Sporting. Apetece-me também dizer que esta notícia sai à rua num momento delicado do Benfica, onde a estabilidade é essencial. Onde "os novos heróis", como lhes chamou o presidente, precisam de uma massa associativa que acredite neles, em vez de num qualquer D.Sebastião.

Tenho pena de ter escrito este post, mas como benfiquista que é, o Rui Costa podia ter gerido a situação muito melhor.

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