quinta-feira, maio 19, 2005

Vale a pena recordar

No rescaldo da final da Taça UEFA, vale a pena recordar as palavras dos sabichões do MaisFutebol:

24 de Fevereiro de 2005

Benfica sem estofo europeu...mesmo com relvado em condições
Benfica-CSKA Moscovo, 1-1 (crónica)

Paulo Pedrosa

O Benfica saiu da Taça UEFA sem chama, sem glória, sem moral e cansado de mais. O empate desta noite encontra contradições no discurso de Trapattoni e deixa o técnico italiano em situação muito complicada. Pior do que a eliminação foi a má imagem deixada pela equipa encarnada em campo, sem pernas para responder aos ímpetos da bancada. Assobios foram muitos. E, desta vez, nem há relvado que valha de desculpa.

Benfica: confirmou-se tudo
Luís Sobral

O Benfica confirmou duas ideias fortes perante o CSKA: não consegue dar a volta a uma eliminatória que começa a perder por 2-0 e, pior, não tem verdadeira dimensão europeia.

Quem viu o jogo, quem viu como a equipa geriu a dificuldade, percebe a segunda ideia, que a primeira justifica-se pela força dos resultados.

[...]

No final, lenços brancos para Trapattoni. Numa época em que a equipa luta por mais tempo do que o costume pelo título e pode voltar a ganhar a Taça, culpar o italiano é redutor. Infelizmente para o clube, nem tudo se resume ao papel do italiano embora esta quinta-feira, como em outras jornadas, o treinador tenha demorado a compreender o problema. Se havia solução ou nem por isso é outro ponto.

[...]

P.S.: Além do golo que conseguiu na Luz, o CSKA fez mais dois, que o árbitro anulou mal. Isto diz quase tudo, não é?


Em Fevereiro, ninguém quis saber da qualidade do CSKA. Fez-se uma graçolas sobre as declarações da 1ª mão sobre o relvado, pisou-se um pouco mais o treinador que até parecia estar a dar as últimas, fez-se chacota de uma equipa que parece estar perdida em todas as frentes.

Hoje, a equipa que foi eliminada em Fevereiro vai jogar, no Domingo, a hipótese de se sagrar campeã e pode vencer a Taça de Portugal. Hoje, o CSKA é uma equipa com um contra-ataque letal e o génio de Daniel Carvalho. Hoje, a outra equipa, aquela esverdeada, a que joga sempre bom futebol, é um digno vencido e está muito feliz, apesar de ter passado 15 dias a dizer que já se via a levantar a Taça (Pedro Barbosa a 11/05/2005), desrespeitando totalmente o adversário seguinte na Super(?)Liga.

A equipa do bom futebol não teve a humildade de ver o que aconteceu ao seu vizinho da 2ª circular e morreu com a mesma espada. Não teve a humildade de respeitar os adversários e foi, por eles, cruelmente castigada. Não teve a noção de que jogar em casa, ter o público do seu lado ou simplesmente fazer lances vistosos não ganham um jogo sem que os seus jogadores realmente se entreguem de alma e coração à equipa. Não lhes desejei a derrota, mas não posso deixar de dizer isto.

Agora que mais uma equipa portuguesa foi vítima do CSKA (não perdeu em Portugal!), será que vamos finalmente admitir que há 2 pesos e 2 medidas na forma como se analisa a prestação das equipas? Ou será que nenhuma das 3 equipas grandes tem realmente dimensão europeia, classe ou arte?

A minha aposta é que ambas as premissas são 100% verdade: Andamos há tempo demais a brincar ao futebol de topo, sem uma estrutura profissional condizente.

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